Como lidar emocionalmente com situações negativas

Como lidar emocionalmente com situações negativas

abril 24, 2023 0 Por Cleisse Mello

Todos nós experimentamos emoções “negativas”: Raiva, tristeza, medo e frustração fazem parte da vida cotidiana. Mas dá para controlar esses sentimentos? Existe uma maneira de usar essas emoções a seu favor?

As emoções fazem parte da vida de todo mundo. Inclusive, em diversos momentos elas podem ser vistas como fatores adaptativos importantes para nossa rotina. Identificar determinadas emoções pode fazer com que você modifique hábitos e conquiste mais saúde e qualidade de vida.

Porém, não saber como lidar com emoções negativas causa o efeito contrário. Muitas vezes, é difícil controlar nossa reação diante de acontecimentos ruins, não é mesmo? Emoções como o medo e a insegurança são capazes de despertar comportamentos inadequados, a ponto de gerar conflitos.

A palavra emoção tem origem na expressão latina emotio e significa uma alteração forte, mas breve no estado de ânimo. A emoção pode ser uma sensação positiva e agradável ou negativa e desagradável.” (LEITE, 2020, p.92).

O autor ainda acrescenta que as emoções provocam diferentes formas de respostas nas pessoas, por meio de expressões faciais, tonalidades da voz, respiração, relaxamento ou enrijecimento muscular.

Quando se fala em lidar com as emoções, muitas vezes, acabamos esbarrando na expressão inteligência emocional que se refere à capacidade de saber reconhecer e administrar as próprias emoções. Entre as características das pessoas com inteligência emocional estão:

  • Percepção do que estão sentindo e o porquê;
  • Facilidade em se relacionar e interpretar emoções nos outros;
  • Capacidade de lidar com pressão e superar situações frustrantes;
  • Automotivação e inspiração aos outros;
  • Empatia, saber ouvir e comunicar-se de forma assertiva;
  • Reconhecer fraquezas e potencialidades.

Parece simples? Falando pode parecer, mas sabe todas aquelas vezes que você perde a cabeça por quase nada e explode com seus colegas de trabalho sem motivo? Isso significa que você não está lidando com a situação com inteligência emocional.

Para Daniel Goleman, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso dos indivíduos, já que a maioria das situações vividas no trabalho exigem habilidades de relacionamento e compreensão humana. As duas últimas subdivisões da inteligência emocional, por exemplo, dizem respeito à nossa interação com o outro. Essas habilidades são importantes para a organização de grupos, capacidade de negociar e liderança.

Quando estamos no trabalho, embora adotemos uma determinada postura, somos as mesmas pessoas. Temos nossas crenças, necessidades, características e padrões de comportamento. Todas essas marcas aparecem em situações de trabalho, de forma que identificar e gerir sentimentos não é uma capacidade que favorece apenas relações pessoais.

Em situações de conflito, a necessidade de se ter a inteligência emocional no trabalho bem desenvolvida é nítida. Quando alguém não sabe ao certo o que sente, não é empático e não dosa suas reações, o problema é inflamado e dificilmente resolvido. Acontecem ofensas, mágoas e prejuízo para o trabalho e para o clima organizacional.

Mas a inteligência emocional não é necessária apenas para promover a melhor saída em situações de conflito. Mesmo quando existem relações de qualidade satisfatória, essa capacidade bem desenvolvida pode trazer impactos positivos na satisfação e na produtividade dos colaboradores.

Na prática, uma forma primordial de se desenvolver a inteligência emocional no trabalho é promovendo o autoconhecimento. Muitas vezes as pessoas não têm consciência de um determinado padrão de comportamento ou não aceitam um feedback sobre a sua forma de agir.

Possibilitar essa autoconsciência é o primeiro passo. Assim, é provável que a pessoa adquira controle sobre o seu comportamento e que compreenda as formas de se motivar. Consequentemente, o processo de autoconhecimento facilita a compreensão do que o outro valoriza e sente.

Com o mapeamento comportamental, levar o autoconhecimento aos colaboradores pode ser uma tarefa mais leve e prática. Imagine receber um relatório com suas principais tendências de comportamento, o que te motiva e o que você mais valoriza? Por ser possível de ser aplicada em todos os colaboradores, esse tipo de mapeamento também fomenta a empatia.

Além disso, no processo de desenvolvimento da inteligência emocional no trabalho, é necessário saber quais características devem ser respeitadas e onde vale a pena investir energia de mudança.

Por exemplo, se alguém tem uma forma mais enérgica de agir, essa pessoa não precisa se tornar extremamente calma e mudar a sua personalidade para ter um bom quociente emocional. Ela precisa entender o que essa tendência de comportamento tem de bom e ruim para saber aproveitá-la de forma inteligente e dosá-la nos momentos em que for necessário.

Da mesma forma, um colaborador introvertido não deve se tornar extremamente sociável para ser considerado alguém com boas habilidades relacionais. Suas competências de introspecção, inclusive, podem ser muito bem direcionadas e o processo de desenvolvimento tem que ser possível.

É importante que as competências dos colaboradores sejam conhecidas para que essa energia de desenvolvimento seja empregada de maneira estratégica. Também é essencial acompanhar e medir esse desenvolvimento, para que ele não se torne subjetivo.

Mas calma, nem tudo está perdido, a boa notícia é que podemos nos desenvolver o tempo todo. As emoções podem ser gerenciadas e as reações controladas, através de um processo de desenvolvimento da nossa inteligência emocional. Vamos a algumas dicas de como lidar com as emoções:

1. Identifique as suas emoções

Quando sentir uma emoção intensa, tente colocá-la em palavras. Pergunte-se sempre diante de um estado emocional desconhecido: qual é o melhor termo que o define? É alegria, raiva ou ansiedade, o que? Você pode consultar uma lista de emoções, caso tenha dificuldade.

Depois, observe como você se comporta quando está vivenciando determinada emoção. Tente enxergar padrões. Por exemplo, o que você faz quando está ansioso. 

Isto é um passo importante para o seu autoconhecimento, pois você descobre seus modos de enfrentamento mais frequentes, atentando para a funcionalidade (ou não) deles.

2. Tente entender o que aconteceu

Quais eventos desencadearam uma certa emoção? O que você pensou sobre a situação que a originou?

Você pode fazer um pequeno esquema em um papel ou no celular, com o evento, seus pensamentos, a emoção experimentada, e seu comportamento subsequente.

Em seguida, pergunte-se: a sua interpretação foi acurada? Existem outros pontos de vista possíveis para aquela situação? E a sua maneira de se comportar foi funcional? Quais seriam outras reações plausíveis?

Tudo isso dá contexto às suas emoções, e faz com que você conheça melhor seu modo de funcionamento.

3. Coloque as coisas em perspectiva

Já sentiu uma emoção negativa e pensou que ela nunca mais passaria? Ao pensar nisso, você provavelmente intensificou este estado emocional, ficando mais tenso.

Para evitar os pensamentos irrealistas, que originam emoções negativas, considere tentar colocar as coisas em perspectiva. Isto é, buscar outros pontos de vista.

Na prática, quando experienciar emoções negativas tente se perguntar: O que eu posso fazer para lidar com elas? O pensamento que as originou é de fato baseado na realidade?

4. Lembre-se de como você administrou um problema no passado

Se um evento no trabalho — como um conflito com um colega de trabalho ou uma carga de trabalho incomumente estressante — está desencadeando um desafio emocional, considere como você superou um problema semelhante no passado. O que funcionou? O que não funcionou?

5. Busque formas de expressar suas emoções

Depois de identificar e validar as suas emoções, você pode buscar formas de expressá-las. Para isso, existem diversos caminhos, como:

  • Escrever sobre as suas emoções;
  • Aceitar as respostas corporais sem julgamentos — ou seja, permitir-se chorar, por exemplo;
  • Praticar esportes;
  • Fazer atividades artísticas, como pintura, dança, música e artesanato;
  • Contar o que você está sentindo para alguém; entre outros.

O importante é que você encontre aquilo que funciona melhor para você, e que permita uma “descarga” de suas emoções.

6. Dê sempre feedbacks construtivos

Por exemplo, se um colega de trabalho disse algo em uma reunião que o ofendeu e isso o está incomodando, converse com a pessoa a respeito, de preferência logo após o evento e em particular. Seja objetivo e concentre-se no que foi dito ou feito e como isso o fez sentir, sem atacar a pessoa individualmente. Essas dicas são princípios da comunicação não violenta e praticam bastante a escuta ativa e o feedback construtivo.

7. Olhe para o seu mindset  

Reserve um momento para perceber que as coisas nem sempre acontecem do seu jeito. Se o fizessem, a vida seria uma estrada reta em vez de uma com colinas e vales, altos e baixos, certo? E são as colinas e vales que muitas vezes tornam a vida tão interessante.

Todos nós temos que lidar com as emoções negativas no trabalho às vezes, e aprender como organizar esses sentimentos é ainda mais importante. Por isso, quando essas emoções começarem a aparecer, comece imediatamente sua estratégia para interromper o ciclo. Quanto mais você esperar, mais difícil será se afastar do pensamento negativo.

Cleisse Mello Coach

É Administradora de Empresas com MBA em gestão empresarial de negócios e especialista em docência do ensino superior. Possui 28 anos de experiência em gestão e planejamento estratégico em empresas nas quais ocupou cargos executivos. Uma profissional de destacada atuação na área de desenvolvimento humano especialista em gestão de negócios e Business coach de negócios e liderança.

Atua ainda como consteladora organizacional, além de possuir formação em DEP (Dinâmica Energética do Psiquismo). É facilitadora da metodologia Pathwork®, bem como consultora e instrutora organizacional, tendo cooperado na gestão e planejamento estratégico de inúmeros processos de melhoria e evolução em contextos humanos variados (pessoais, grupos, empresas e instituições). Tem exercido muita contribuição como Facilitadora de aprendizagem e mudança.