O Futuro do trabalho passa pelo investimento em Inteligência espiritual
Você provavelmente deve ter feito algum teste de QI ou de inteligência emocional na sua vida e já os considerou no seu desenvolvimento pessoal e profissional. Mas já parou para pensar na sua inteligência espiritual? Sim, ela existe e é pesquisada por psicólogos e neurocientistas desde a década de 1990.
E não tem nada a ver com uma denominação religiosa específica. Espiritualidade não é sinônimo de religião. Na Psicologia, ela se refere a “uma atitude, um movimento interno, a uma expansão da consciência subjetiva” relacionados ao amadurecimento da personalidade de um indivíduo. Ou seja, uma pessoa pode desenvolver sua inteligência espiritual sem obrigatoriamente ter que praticar uma religião.
Mas, o que é inteligência espiritual e por que ela é tão importante para sua carreira e para os negócios?
O mundo dos negócios atravessa uma crise de sustentabilidade, pois com foco somente no dinheiro, devasta recursos e promove a desigualdade global. Isto gera uma crise de liderança e destrói a saúde e a moral de todos, cujas vidas são afetadas pela empresa.
A inteligência espiritual é a capacidade de todo ser humano se questionar o sentido da vida e de se relacionar com o mundo em que vive. Ela permite as adaptações necessárias para lidar com os aspectos imateriais do dia a dia, como valores, propósito e consciência social.
Espiritualidade nos negócios significa simplesmente trabalhar com um sentido mais profundo de significado e propósito na comunidade e no mundo, tendo uma perspectiva mais ampla, inspirando seus funcionários.
O psicólogo e consultor corporativo Richard Griffiths, define a inteligência espiritual como: “Uma dimensão mais complexa de inteligência que ativa as qualidades e capacidades do verdadeiro ‘self’, na forma de sabedoria, compaixão, integridade, alegria, amor, criatividade e paz. É um senso de significado e propósito, que pode ser combinado com o desenvolvimento de habilidades pessoais e profissionais.”
A definição de Griffith parte da ideia de que existem 3 dimensões ou tipos de inteligência:
- Inteligência racional: refere-se à capacidade de resolução de problemas e ao pensamento lógico. Representada pelo Quociente de Inteligência (QI).
- Inteligência emocional: capacidade de reconhecer e lidar com as próprias emoções, além de responder adequadamente às emoções das outras pessoas. Representada pelo Quociente Emocional (QE).
- Inteligência espiritual: capacidade de dar propósito às ações e dar significado à vida. Representada pelo Quociente Espiritual (QE).
As dimensões não estão isoladas umas das outras no cérebro humano, e estão interligadas entre si. Uma não existe sem a outra.
Você deve estar se perguntando: O que isso tem a ver com carreira e desenvolvimento profissional?
Pois bem, vamos entender como isso começou: O termo “spiritual intelligence” (ou “inteligência espiritual”, em português) foi cunhado pela filósofa, física e professora de Oxford Danah Zohar, no livro “ReWiring the Corporate Brain” (1997, sem tradução para o português).
Três anos depois, Zohar lançaria ao lado do psiquiatra Ian Marshall o livro que popularizaria o conceito: “Spiritual Intelligence: The Ultimate Intelligence”.
No livro, Danah Zohar e Ian Marshall listaram 12 princípios que permitem que toda pessoa desenvolva a Inteligência Espiritual:
- Autoconsciência: saber com o que se importa, pelo que vive e pelo que morreria;
- Espontaneidade: deixar de lado preconceitos, expectativas e problemas de infância para agir no momento presente – e se responsabilizar por essas ações;
- Visão baseada em valores e propósito: agir e viver de acordo com os próprios princípios e crenças;
- Holismo: enxergar a conexão entre pessoas e coisas, além de sentir que faz parte daquele grupo;
- Compaixão: não basta aceitar os sentimentos dos outros, é preciso compreendê-los;
- Diversidade: valorizar as pessoas pelas suas diferenças;
- Independência de campo: confiar mais nas percepções internas do que nas externas. Formar uma opinião de acordo com os seus valores e depois de ouvir a dos demais, mesmo que isso signifique perder popularidade;
- Humildade: assumir que a opinião que você tinha sobre um tópico estava errada. Considerada o outro lado da independência de campo;
- Perguntar “por quê”: questionar o porquê das coisas, mesmo que as respostas não sejam fáceis;
- Capacidade de reformulação: conseguir dar alguns passos para trás e tentar enxergar o todo, sem reagir imediatamente a uma situação;
- Fazer uso positivo da adversidade: aprender e amadurecer a partir de erros, imprevistos e sofrimentos;
- Senso de vocação: sentir a necessidade de retribuir à sociedade.
Agora que entendemos os princípios, consegue pensar em como a inteligência espiritual impacta o seu dia a dia de trabalho? Vamos relacionar as soft skills e as posturas necessárias no trabalho:
1. Autoconsciência
- Foco em objetivos e estratégias de longo prazo;
- Antecipação do impacto das ações pessoais em outras pessoas;
- Avaliação das forças e fraquezas pessoais de acordo com a percepção que outras pessoas têm sobre elas.
2. Espontaneidade
- Estar preparado para fazer experimentações e correr riscos;
- Estar atento a intuições que possam dar mais valor a uma atividade;
- Busca por oportunidades de se divertir no trabalho.
3. Visão baseada em valores e propósito
- Expressar preocupação quando a empresa não age de acordo com os valores organizacionais;
- Montar seu plano de carreira e tomar decisões profissionais guiado pela vontade de fazer algo de valor;
- Estar preparado para lutar em questões de princípios.
4. Holismo
- Encorajar os colegas a entenderem a operação de toda a organização;
- Antecipar consequências de longo prazo das ações e decisões tomadas no momento;
- Tentar equilibrar vida pessoal e profissional.
5. Compaixão
- Considerar a forma como stakeholders externos vão se sentir com as decisões que possam ser tomadas pela organização;
- Garantir que a organização tenha um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente;
- Separar um período do dia ou da semana para ajudar a equipe.
6. Diversidade
- Ouvir o que pessoas das mais diferentes origens sociais têm a dizer antes de tomar uma decisão;
- Respeitar e considerar ideias que desafiem os padrões;
- Encorajar os membros da equipe a expressar suas individualidades.
7. Independência de campo
- Conhecer o ponto de vista de outras pessoas, mas sempre preparado para se responsabilizar por suas decisões e ações;
- Não se distrair facilmente quando está realizando uma tarefa importante;
- Estar preparado para defender o seu ponto de vista quando tem certeza de que é o correto.
8. Humildade
- Sempre dar o crédito aos colegas de equipe pelo trabalho realizado;
- Explorar o que pode ser aprendido a partir dos próprios erros;
- Refletir sobre o conhecimento estabelecido e a experiência de outros colaboradores.
9. Perguntar “por quê”
- Garantir que entendeu as causas de um problema antes de tentar corrigi-lo;
- Dar aos outros a chance de explicar suas ações antes de dar um feedback negativo;
- Procurar padrões em problemas e tentar entender por que aconteceram.
10. Capacidade de reformulação
- Apresentar diferentes abordagens de solução de problemas;
- Desapegar-se de ideias anteriores que não estão funcionando;
- Ter novas experiências ao assumir tarefas fora de sua zona de conforto.
11. Fazer uso positivo da adversidade
- Tentar aprender a partir dos erros em vez de culpar os outros;
- Persistir em uma tarefa apesar das dificuldades;
- Não desistir quando algo dá errado.
12. Senso de vocação
- Perseverar para alcançar melhores resultados;
- Considerar o trabalho um aspecto importante da vida;
- Expressar gratidão pelas oportunidades e presentes que recebe no trabalho e em casa.
Então, você já percebeu como é uma pessoa com alta inteligência espiritual, não é mesmo? Aqui está um resumo dessas características:
- Indulgente
- Grato
- Humilde
- Empático
- Contemplativo
- Busca constante por aperfeiçoamento
- Tem visão do todo
- Senso de propósito
Desenvolver essas habilidades é ainda mais importante no Brasil, pois 68,7% das demissões estão relacionadas à falta de habilidades sociais.
Para finalizarmos, a pergunta é: Como desenvolver a inteligência espiritual e ser um profissional melhor?
Para ter uma inteligência espiritual desenvolvida é preciso tornar-se mais reflexivo, ser mais honesto consigo mesmo e autoconsciente. Sentindo suas motivações mais profundas é possível identificar e eliminar obstáculos. Um profissional espiritualmente inteligente é inspirado pelo desejo de servir. Ele transmite visão e valores mais altos aos demais colegas de trabalho.
Se precisar de ajuda no seu autodesenvolvimento, conte comigo!
Cleisse Mello Coach
É Administradora de Empresas com MBA em gestão empresarial de negócios e especialista em docência do ensino superior. Possui 28 anos de experiência em gestão e planejamento estratégico em empresas nas quais ocupou cargos executivos. Uma profissional de destacada atuação na área de desenvolvimento humano especialista em gestão de negócios e Business coach de negócios e liderança.
Atua ainda como consteladora organizacional, além de possuir formação em DEP (Dinâmica Energética do Psiquismo). É facilitadora da metodologia Pathwork®, bem como consultora e instrutora organizacional, tendo cooperado na gestão e planejamento estratégico de inúmeros processos de melhoria e evolução em contextos humanos variados (pessoais, grupos, empresas e instituições). Tem exercido muita contribuição como Facilitadora de aprendizagem e mudança.