Sincronicidade – O caminho interior para a liderança

Sincronicidade – O caminho interior para a liderança

março 21, 2022 0 Por Cleisse Mello

Hoje quero voltar a falar sobre alguns bons livros que nos brindam com um conteúdo atemporal e que nos inspira: Sincronicidade – O caminho interior para a liderança, de Joseph Jeworsky. É um daqueles livros que tocam profundamente aqueles que estão prontos para entender a sua mensagem e deixam também algumas interrogações para os mais céticos. Já li mais de uma vez e super recomendo.

 A primeira vez que tive contato com as ideias de Jaworsky, foi quando li o instigante livro “Presença”, escrito por ele, Peter Senge, Betty Sue Flowers e Otto Scharmer (lembra dele e da teoria U?). Aliás, “Sincronicidade” já começa com uma brilhante introdução escrita por Peter Senge, na qual ele afirma, entre outras coisas, e eu confirmo, que este livro é leitura obrigatória para qualquer pessoa que leve a liderança a sério.

Senge apresenta ainda seu entendimento de que vivemos em um mundo de possibilidades e que é necessário substituir os tradicionais e rígidos modelos mentais mecânico newtonianos por uma visão de mundo que privilegie o comprometimento e o protagonismo para com a vida. Já falamos anteriormente desses temas…super atual. É neste contexto que Peter Senge introduz o termo Sincronicidade, apresentando-o como um resultado de uma nova forma de pensar sobre a vida e seus fenômenos.

O autor, Joseph Jaworski, foi um dos colaboradores de Otto Scharmer na elaboração da Teoria U, que aborda a promoção de mudanças sociais a partir do despertar da liderança interior e coletiva. Para quem já está familiarizado com a Teoria U, de Otto Scharmer e colaboradores, encontrará no decorrer da leitura citações que remetem ao nascedouro dessa visão.

Vamos a um breve resumo: Jaworsky recorre às ideias de Carl Jung em sua clássica obra “Sinchronicity: An Acausal Connecting Principle”, para conceituar o que vem a ser a Sincronicidade, na qual o autor define como “uma coincidência significativa de dois ou mais eventos em que algo mais do que a probabilidade do acaso está envolvida”.

A história está dividida em quatro partes distintas: Preparando a jornada, Cruzando a fronteira, A jornada do herói e A Dádiva, fechando com um convidativo Epílogo. Neste livro, Jaworski explora as distinções e conceitos relacionados à Sincronicidade no contexto de sua própria história de vida, iniciando por sua bem sucedida carreira de advogado, passando por seu divórcio do primeiro casamento e descrevendo então a profunda jornada de autoconhecimento e transformação de seus modelos mentais que o levaram a “jogar tudo para o alto” e seguir em busca da construção e consolidação do American Leadership Forum, sua contribuição para o futuro que, como ele veio a descobrir, ansiava por emergir.

Ao longo de sua jornada, conforme evolui em seu relato, Jaworski nos presenteia relatando alguns encontros “mágicos” (pontuados como evidências da Sincronicidade) com pessoas que o ajudaram e inspiraram na compreensão e concretização de sua missão. Dentre tais encontros, ele destaca suas conversas com Mihaly Csikszentmihalyi, Martin Buber, Joseph Campbel, David Bohm, John Gardner e Francisco Varela, as quais foram poderosas forças catalisadoras para a continuidade do seu trabalho.

Jaworski apresenta também o que ele chama de armadilhas, ou nas suas próprias palavras, “qualquer coisa que cause um retrocesso à velha forma de pensar e agir, retardando assim nosso desenvolvimento como parte do processo generativo em desdobramento”.

A primeira armadilha que nos apresenta é a da Responsabilidade, a qual nos leva a nos sentirmos responsáveis por tudo e por todos que estão envolvidos em nossos projetos, ou seja, trata-se de uma supervalorização do nosso papel no processo em curso. Esse senso de responsabilidade excessiva acaba por afetar nossa produtividade e limitar nossa capacidade de atuação.

A segunda armadilha identificada pelo autor é a da Dependência, a qual nos leva a acreditarmos que todo o processo depende de algumas pessoas ou processos chave e que se esses elementos não estiverem presentes, tudo estará perdido. Para superar essa armadilha, Jaworski afirma que é preciso focar no resultado e não ficar preso a nenhum processo ou pessoa em particular para alcançá-lo, ou seja, é preciso ter flexibilidade diante dos obstáculos.

Ele afirma ainda que tanto a armadilha da responsabilidade quanto a da dependência surgem a partir do medo de não haverem alternativas. Todavia, sempre existem alternativas, nós é que, muitas vezes, não somos capazes de enxergá-las. Conseguem fazer conexões aqui? Já falamos bastante sobre isso.

Jaworski apresenta ainda uma terceira armadilha, a da Hiperatividade. Essa armadilha consiste no risco de nos perdermos em meio ao grande volume de atividades e compromissos gerados pelo processo que estamos conduzindo e, dessa forma, nos desconectarmos de nosso propósito original.

Uma das principais mensagens desta obra de Jaworski é a de que a liderança consiste em descobrirmos como podemos moldar coletivamente o nosso futuro. Ainda segundo ele, “a liderança diz respeito à criação, dia a dia, de um domínio no qual nós e os que se encontram ao nosso redor continuamente, aprofundemos nossa compreensão da realidade e sejamos capazes de participar da formação do futuro”.

Mais do que uma história de como construir a realidade que se deseja, este livro traz na sua essência a esperança na potencialidade dos seres humanos para fazerem algo relevante para seu entorno, independente da dimensão deste.

Espero ter te motivado a fazer a leitura integral desse grande livro. Com certeza vai te apresentar excelentes insights e aprendizados. Depois me conta como foi sua experiência.

Cleisse Mello

É Administradora de Empresas com MBA em gestão empresarial de negócios e especialista em docência do ensino superior. Possui 28 anos de experiência em gestão e planejamento estratégico em empresas nas quais ocupou cargos executivos. Uma profissional de destacada atuação na área de desenvolvimento humano especialista em gestão de negócios e Business coach de negócios e liderança.

Atua ainda como consteladora organizacional, além de possuir formação em DEP (Dinâmica Energética do Psiquismo). É facilitadora da metodologia Pathwork®, bem como consultora e instrutora organizacional, tendo cooperado na gestão e planejamento estratégico de inúmeros processos de melhoria e evolução em contextos humanos variados (pessoais, grupos, empresas e instituições). Tem exercido muita contribuição como Facilitadora de aprendizagem e mudança.