Vamos falar de empatia?
Você com certeza está me vendo falar constantemente sobre a importância de desenvolver soft skills para dar novos passos no seu autodesenvolvimento, como também na sua carreira. Então vamos falar de uma que influencia positivamente os relacionamentos e o desempenho de um profissional, e que causa grande impacto – não só na carreira, mas na vida de todos: A empatia.
Como gosto de trazer conceitos, psicologicamente, empatia é a capacidade de você sentir o que uma outra pessoa sente, caso estivesse na mesma situação, vivenciada por ela, ou seja: procurar experimentar de forma objetiva e racional o que sente o outro, a fim de tentar compreender sentimentos e emoções.
A empatia envolve três componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoções. O componente afetivo baseia-se em compartilhar, e na compreensão de estados emocionais de outros. O componente cognitivo refere-se à capacidade de deliberar sobre os estados mentais de outras pessoas, ou seja, entender o ponto de vista do outro.
E quais são as atitudes de empatia? Para começar, é ouvir com atenção, se colocar no lugar do outro e tentar entender de onde ele parte ou como se sente, são bons primeiros passos. Isso mesmo, ser empático é saber ouvir, refletir sobre os pontos de vista do outro e ser capaz de entender melhor, por que diferentes pessoas reagem à mesma situação de maneiras tão distintas.
Mas, é muito importante entender que Empatia é diferente de Simpatia. Simpatia é algo muito mais superficial, é sorrir para a pessoa e não resistir em dar um conselho: “tudo vai dar certo, pelo menos você tem um emprego!”. Por falar nisso, “dar conselho” é um dos vários obstáculos que impedem a empatia de acontecer.
Empatia vai muito mais além, envolve presença e escuta de verdade. É como se a outra pessoa estivesse segurando um novelo de lã todo bagunçado, você deixasse o novelo se desenrolar e aí sim dissesse: “Eu não sei o que te dizer agora, mas estou feliz que você se abriu comigo.”
Uma excelente referência sobre Simpatia x Empatia é da autora Brené Brown (quem não canso de referenciar) uma escritora de mão cheia e que, em 2013, fez um TED que tratou muito bem sobre o tema: “Empatia alimenta a conexão, simpatia leva à desconexão” – Brené Brown
Para que o conjunto completo de empatia ocorra, existem quatro passos específicos para colocá-la em prática:
1. Observação: Ouça e atente-se ao que a pessoa tem a dizer sem julgamentos.
2. Sentimento: Citar o nome dos sentimentos. “Você ficou muito triste? Muito decepcionada?”. Colocar em palavras, verbalizar o que o outro possa estar sentindo para que ele se sinta à vontade e comente espontaneamente sobre o ocorrido.
3. Necessidade: Investigue a necessidade da pessoa. Empatia é buscar pela necessidade do outro. Ouça atentamente e se pergunte “do que essa pessoa precisa nesse momento?”. “Por trás de todo sentimento negativo existe uma necessidade não atendida”, disse Marshal Rosemberg.
4. Pedido: Ajude a pessoa a tirar uma ação ou fazer um pedido para que ela se sinta melhor.
Podemos precisar fazer o check-in e perguntar se estamos corretos em nossa interpretação. Talvez precisemos analisar a situação mais ampla, considerando o contexto – o que está acontecendo fora da visão da pessoa. Ser empático nem sempre é fácil e, graças à neurociência, sabemos agora que chegar a um lugar de imaginar como é ser outra pessoa envolve atividades cerebrais complexas.
Desenvolvendo empatia:
Para desenvolver os três tipos de empatia, voltamos novamente a Brené Brown, que afirma que é preciso muito prática, tanto oferecendo empatia como recebendo. Ela aponta que, ao receber empatia, é possível compreender os benefícios e a importância de ser ouvido e aceito, mas também entender a força e a coragem necessárias para ser vulnerável e compartilhar a necessidade de empatia em primeiro lugar. Além disso, ela cita quatro atributos da empatia:
- Tomada de perspectiva: Ou seja, estar disposto a ver o mundo através dos olhos do outro, abrindo mão das próprias visões.
- Não julgar: Se abster de comentários que invalidam a experiência do outro ou o fazem se sentir errado, como “isso não é nada” ou “não sei por que você está tão chateado com isso”.
- Reconhecer emoções: Olhar dentro de si e lembrar como é ter a sensação de que a outra pessoa está sentindo.
- Comunicação: Ao invés de tentar trazer um lado positivo da situação, mostre que entende o que o outro está passando e valide o sentimento e a experiência dele. Frases recomendadas são “sinto muito que você esteja sofrendo. Já passei por isso e é horrível” ou “parece uma situação complicada, me conte mais sobre isso”.
Colocando essas quatro ferramentas em prática, é possível criar um processo empático e aplicar com sucesso os diferentes tipos de empatia.
Como podem perceber, a empatia é um grande exercício de autodesenvolvimento, ao mesmo tempo que nos coloca em outro lugar nas nossas relações. Te convido a dar esse novo passo. E siga firme, pois a empatia nos aproxima de nosso melhor lado e consequentemente do melhor lado do outro.
Cleisse Mello Coach
É Administradora de Empresas com MBA em gestão empresarial de negócios e especialista em docência do ensino superior. Possui 28 anos de experiência em gestão e planejamento estratégico em empresas nas quais ocupou cargos executivos. Uma profissional de destacada atuação na área de desenvolvimento humano especialista em gestão de negócios e Business coach de negócios e liderança.
Atua ainda como consteladora organizacional, além de possuir formação em DEP (Dinâmica Energética do Psiquismo). É facilitadora da metodologia Pathwork®, bem como consultora e instrutora organizacional, tendo cooperado na gestão e planejamento estratégico de inúmeros processos de melhoria e evolução em contextos humanos variados (pessoais, grupos, empresas e instituições). Tem exercido muita contribuição como Facilitadora de aprendizagem e mudança.