Teoria U – a metodologia que busca fazer emergir o novo
A Teoria U é um marco teórico elaborado pelo pesquisador do MIT Otto Sharmer, que uniu diversos conhecimentos das mais diferentes áreas em uma metodologia que propõe processos de mudança e transformação em qualquer sistema, seja ele: organizações, instituições, comunidades, família ou individual.
Seu ponto de partida é de que vivemos em um sistema que nos limita enquanto indivíduos e coletivo e que gera resultados negativos para todos nós.
Isso acontece porque só temos a percepção da ponta de um iceberg. E que para realmente compreendermos a situação, precisamos descer até a profundidade e complexidade abaixo dessa ponta, que não estamos conseguindo acessar. E que, no fundo, significam as estruturas, os paradigmas de pensamento e a fonte mais profunda da intenção e do EU.
A Teoria U é uma forma de lidar com todas essas questões complexas a partir de um novo modelo de aprendizagem e inovação. Entendendo que não dá mais para se basear na repetição do passado como fazíamos, mas que precisa ser pensado um modelo baseado em futuros que ainda querem emergir.
Essa metodologia permite implementar mudanças, aumentando produtividade e qualidade, promovendo para a equipe inteira, aprendizados de algo novo e que funciona na prática.
A proposta da Teoria U é uma “jornada em U” de mudança em sete etapas: suspender; redirecionar; deixar ir; estar presente; deixar vir; decretar a lei e incorporar. Todas essas etapas fazem parte de uma jornada com começo, meio e fim, que completa o formato de um “U”.
O significado do U está relacionado ao processo de mudança e seu formato, deve-se ao fato de que ao descer o lado direito o indivíduo percorre um caminho para compreender seus modelos mentais e como eles estão relacionados à realidade na qual está inserido. O fundo do U é um espaço para reflexão, o indivíduo já tem um maior conhecimento sobre si e do ambiente, e agora tem a possibilidade de compreender a realidade atual e iniciar um processo de inovação, que é a subida do U. Nesta parte, todas as novas ideias são colocadas em práticas o que não significa o fim, já que o processo pode iniciar novamente ou etapas serem revistas se necessário.
O processo em U é dividido em três fases, as duas primeiras são sentir e presenciar, e a última engloba a criação de protótipos e atuação em uma única etapa chamada de realizar. Estas etapas têm as seguintes características:
- Sentir: questionar profundamente seus modelos mentais, vendo a realidade que está além do próprio filtro;
- Presenciar: mover-se dali para um processo profundo de se conectar com uma visão e um propósito, individual e coletivamente;
- Realizar: e então elaborar rapidamente um protótipo para traduzir essas visões em modelos de trabalho concretos, dos quais se possa receber feedback e fazer novos ajustes.
A energia segue a nossa atenção. Siga os três movimentos do U.
- O primeiro movimento é “observar, observar, observar” (a descida do U). A ideia é imergir totalmente nos limites do sistema, isto é, nos locais e situações mais significativas para a questão na qual você está interessado.
- O segundo é “recuar e refletir” (o ponto mais fundo do U). É preciso tomar alguma distância e escutar o que as observações podem revelar sobre o futuro que quer emergir. “O que quer emergir aqui?”; “Como nós podemos fazer parte da história do futuro ao invés de continuarmos repetindo a história do passado?”
- O terceiro é “agir num instante” (a subida do U). A ideia é explorar as possibilidades de futuro por meio da ação, desenvolvendo protótipos que consigam coletar feedbacks rapidamente de todas as partes interessadas na questão.
A base do U é muito ligada com entendimento de Mindfulness, de atenção plena, porque é o momento que depois dessa descida do U e de você buscar novas perspectivas do assunto, ele permite que você pare nessa base do U e tenha um momento de reflexão “O que a gente realmente quer fazer aqui? Qual é realmente o nosso trabalho aqui? O que parece emergir como futuro?”
A subida do U, por exemplo, está conectada ao Design Thinking pela prototipação. A ideia é que nessa ‘jornada U’, na subida, na chegada do outro lado, você chegue com alguma coisa nova, diferente. Mesmo que para solucionar determinado desafio se precise pegar vários ‘caminhos U’ ou recomeçar novas jornadas que te permitam ir mais profundamente, ou mais conectado com o que você quer ou precise fazer naquele caso. É sobre onde você está nesse momento e onde você quer chegar.
A Teoria U é uma excelente ferramenta para ajudar os líderes a melhorarem sua capacidade de compreender e ajudar, além de gerar habilidades para lidar com diferentes desafios. Para isso o líder deve ser capaz de suspender suas formas habituais de ver, ou seja, ele não pode buscar apenas em sua experiência ou conhecimento informações para auxiliar os outros ele precisa ir além do que já sabe e começar a buscar informações que ainda não detém.
O que foi uma metodologia para desenvolvimento de organizações, hoje é entendido como ferramenta básica de transformação de sistema: pessoal, organizacional e mesmo planetária.
O propósito da Teoria U envolve uma proposta de mudança global, de uma outra consciência coletiva planetária. Para isso, o próprio Otto Sharmer se propõe a oferecer cursos disponíveis gratuitamente e online.
Para você saber um pouco mais:
Claus Otto Scharmer (nascido em 1961) é palestrante sênior da Sloan School of Management, Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e cofundador do Presencing Institute. Ele preside o programa MIT IDEAS para inovação intersetorial e é autor / coautor de vários livros.
Otto Scharmer discute ideias para um novo mundo, defende o pós-capitalismo e prega: “Precisamos parar de discutir modelos antigos e pensar na construção de novos”. É de sua autoria, por exemplo, a expressão ego-system to eco-system (a transição de um sistema centrado no “eu” para um ecossistema focado no “nós”, o bem comum).
Professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e autor do best-seller Teoria U (2009), Scharmer também ganhou notoriedade com o termo intraduzível presencing (misto de presence e sensing, em inglês) que se refere à habilidade de um líder de sentir e incitar no presente, o futuro potencial de alguém.