O poder da Vulnerabilidade
Há alguns anos, mais precisamente a 06 anos, um amigo me apresentou a pesquisadora Americana Brené Brown, quando me emprestou o livro “A coragem de ser imperfeito”. Fiquei fã imediatamente. Comecei inclusive a compartilhar as informações com pessoas próximas e meus Coachees e Mentees.
O tema é permanentemente atual: Vulnerabilidade. O que seria então pensar e falar de vulnerabilidade? até porque não é algo fácil de se admitir. No mundo empresarial, nem se pensa nela. Vulnerabilidade é definida como algo incerto, arriscado e que te expõe emocionalmente. Mas, na verdade, ela é positiva. É dela que nascem emoções importantes que vivenciamos como humanos, como o amor. Isso é a base para se ter coragem
Durante anos, Brené Brown se debruçou sobre o tema da vergonha, ela queria entender o que está por trás desse fenômeno e por que é tão difícil para alguns lidar com esse sentimento. Ao longo desses estudos, ela deparou com dois grupos de pessoas: as que têm um forte senso em relação ao próprio valor e as que estão constantemente se questionando.
A pergunta, para Brené, passou então a ser: qual o segredo por trás desse grupo mais seguro de si? O que ela encontrou em comum entre essas pessoas é que elas abraçam a vulnerabilidade e a entendem como algo necessário e parte natural da vida. “Elas falavam da disposição de fazer algo para o qual não há garantias”.
A vulnerabilidade é definida como aquilo que experimentamos em momentos de incerteza, risco e exposição. Ela nos deixa ansiosos e com medo.
O problema, segundo Brené, é quando evitamos situações e relações porque provocarão esse sentimento. Ter coragem para arriscar, viver experiências novas, dizer coisas importantes, tudo isso implica abraçar a vulnerabilidade.
A principal razão para queremos ser perfeitos é para evitarmos sermos criticados, julgados e culpados. Perfeccionismo é um mecanismo de defesa, nada mais. É um escudo, uma muralha que colocamos para parecermos fortes, para que ninguém nos machuque. Mas, na verdade, ele impede que sejamos vistos na essência.
No mundo das organizações, esse tema chega a ser um tabu, pois os líderes que evitam se sentir vulneráveis, também evitam conversas difíceis, inclusive o feedback honesto e produtivo. Eles deixam de reconhecer e de lidar com medos e sentimentos que surgem durante momentos de crise ou mudança. Mas apenas para lembrar: O mundo mudou completamente e o perfil do líder que vai sustentar essa transição, é o que sabe lidar com as incertezas, ou seja, com a vulnerabilidade, transformando a impermanência em oportunidades. Assim ele vai poder conduzir melhor suas equipes e dar uma nova trajetória nos negócios, nesse momento tão complexo, cujas mudanças acontecem a cada minuto.
Para Brené, nenhum de nossos objetivos podem ser plenamente alcançados até aceitarmos quem realmente somos e abracemos nossas inseguranças e dúvidas. Acredito nisso também.
Deixo para reflexão, um trecho do discurso de Theodore Roosevelt, Presidente Americano, que apesar de ter sido proferido no início do século XX, continua atual, o que mostra o quanto ainda estamos no passado e lentos nos nossos processos de transformação dos nossos comportamentos:
“Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente”.
Ficam as dicas:
Não deixe de assistir o TED Talk O Poder da Vulnerabilidade, de 2010 com Brené Brown, neste link: https://www.youtube.com/watch?v=iCvmsMzlF7o
Primeiro lugar na lista do The New York Times. Brené Brown ousou tocar em assuntos que costumam ser evitados por causarem grande desconforto. Viver é experimentar incertezas, riscos e se expor emocionalmente. Mas isso não precisa ser ruim. Como mostra Brené Brown, a vulnerabilidade não é uma medida de fraqueza, mas a melhor definição de coragem.
Cleisse Mello
É Administradora de Empresas com MBA em gestão empresarial de negócios e especialista em docência do ensino superior. Possui 28 anos de experiência em gestão e planejamento estratégico em empresas nas quais ocupou cargos executivos. Uma profissional de destacada atuação na área de desenvolvimento humano especialista em gestão de negócios e Business coach de negócios e liderança. Atua ainda como consteladora organizacional, além de possuir formação em DEP (Dinâmica Energética do Psiquismo). É facilitadora da metodologia Pathwork®, bem como consultora e instrutora organizacional, tendo cooperado na gestão e planejamento estratégico de inúmeros processos de melhoria e evolução em contextos humanos variados (pessoais, grupos, empresas e instituições). Tem exercido muita contribuição como Facilitadora de aprendizagem e mudança.
IG: @cleisse_mello