O Homem-Ilha
Há alguns anos atrás, quando trabalhei na Fundação José Silveira, estava iniciando meu trabalho e aprendendo com várias pessoas experientes e até hoje muito queridas e referências na minha jornada pessoal e profissional.
Naquele momento nas oportunidades de estudo, me deparei com um texto que nunca deixou de ser atual e que eu o recorro muito, toda vez que estou trabalhando com grupos, em diversas organizações. Toda vez o que estamos falando de coletividade, ou visão sistêmica, o texto de José Tarciso Glanzmann, me vem à mente. Ele retrata de uma forma atual, apesar de ter sido escrito no século passado, sobre como agirmos e entendermos a importância que temos uns dos outros.
Nesse momento que estamos vivendo, com tantos desafios individuais e coletivos, em que fomos levados a refletir sobre o autocuidado, e principalmente sobre como devemos cuidar uns dos outros, é fundamental lembrarmos que não somos autossuficientes, muito pelo contrário, somos codependentes. E para sair de qualquer crise, é preciso somar forças à vontade de resolver o problema, que não é apenas de um, é um problema de todos. Não estamos sozinhos, pelo contrário, juntos é que vamos conseguir passar por qualquer crise que se apresente, apesar de muitos ainda não entenderem as conexões em que estamos inseridos, pois a internet, a tecnologia e tudo que nos cerca, tem milhares de envolvidos nos processos. Isto serve para o âmbito pessoal e/ou profissional.
Eis o texto que eu gostaria que todos pudessem ler e refletir, como minha dica para essa semana:
“Sensacional, a descoberta da Geografia Humana; não existe o Homem-Ilha! Quem seria esse homem, caso existisse? Deveria ser, antes de tudo, alguém que bastasse a si próprio inteiramente. Um autossuficiente. Esse homem extraordinário, que não quisesse depender de ninguém, deveria, por exemplo, dar a vida a si mesmo, embalar-se a si mesmo no berço, passar toda a vida sem receber favores de ninguém, e, afinal, ir para o cemitério com suas próprias pernas. Eis o que deveria ser um homem independente. O Homem-Ilha.
Nenhum de nós se basta completamente a si próprio. Por isso é que vivemos em sociedade. Um ao lado dos outros. Precisamos ajudar-nos mutuamente. Do contrário não vai.
É preciso haver cooperação por toda a parte. A criança que evita lançar papéis por toda a parte, está cooperando com a limpeza pública. O pedestre, que atravessa as ruas nos pontos certos, está cooperando com o serviço de trânsito. O comerciante que deixa de fazer exposição de carne humana, em propagandas em sua loja, está cooperando com a limpeza moral. Todos colaboram.
Para vivermos, pura e simplesmente, precisamos de uma infinidade de pessoas que, na maior parte das vezes, nem entram no rol dos nossos amigos. Precisamos do padeiro, que nos traz o pão de cada dia. Precisamos do homem do lotação que nos leva inteiros para o trabalho e nos devolve, mais ou menos inteiros, à nossa casa. Precisamos, precisamos, enfim, precisamos.
Quem pensa que não precisa de ninguém, é porque é cego ou porque não quer ver; mesmo neste caso, mas do que ninguém, precisa de quem lhe abra os olhos.”
Deixo aqui um pedido para que possamos lembrar a todo instante, de quanto ainda temos que aprender a dar valor a todos que colaboram, direta ou indiretamente no nosso dia a dia. Lembrar que estamos colaborando com muitos e muitos colaboram conosco. E o quanto ainda estamos míopes sem compreender que tudo hoje é uma colaboração de alguém. Até para esse texto chegar até você, muitos estão envolvidos.
Que tenhamos uma semana de bons frutos colaborativos.
Cleisse Mello
É Administradora de Empresas com MBA em gestão empresarial de negócios e especialista em docência do ensino superior. Possui 28 anos de experiência em gestão e planejamento estratégico em empresas nas quais ocupou cargos executivos. Uma profissional de destacada atuação na área de desenvolvimento humano especialista em gestão de negócios e Business coach de negócios e liderança. Atua ainda como consteladora organizacional, além de possuir formação em DEP (Dinâmica Energética do Psiquismo). É facilitadora da metodologia Pathwork®, bem como consultora e instrutora organizacional, tendo cooperado na gestão e planejamento estratégico de inúmeros processos de melhoria e evolução em contextos humanos variados (pessoais, grupos, empresas e instituições). Tem exercido muita contribuição como Facilitadora de aprendizagem e mudança.